Guilherme Freire – Como Zelda explica o mundo

Guilherme Freire comenta como Zelda explica o mundo, revelando conceitos e símbolos interessantes e compartilhando curiosidades como o fato de Link ser católico, e isso era pra ter sido explícito originalmente. [Acesse a descrição completa]

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Descrição completa

Neste vídeo, o professor, conferencista e palestrante em filosofia e educação Guilherme Freire faz uma profunda análise sobre a simbologia presente em The Legend of Zelda, demonstrando como esta franquia de action-adventures criada pelos designers japoneses Shigeru Miyamoto e Takashi Tezuka também pode explicar o mundo, revelando importantes lições e conceitos embutidos em suas tramas e elementos no decorrer de sua exposição.

Com um bom foco em Ocarina of Time, Majora’s Mask e Wind Waker, Guilherme aborda vários aspectos de Zelda, explica seus símbolos, revela importantes lições e conceitos embutidos em suas tramas e elementos, e comenta o impacto destes games em sua infância, algo com o qual muitos de nós podemos nos identificar.

Ele também compartilha curiosidades interessantes — como o fato de Link ser católico, e isso era pra ter sido explícito originalmente —, e a inspiração em O Senhor dos Anéis, algo praticamente evidente em um jogo de fantasia medieval e que certamente o Guilherme não iria deixar de abordar.

O vídeo surgiu em forma de uma live exibida originalmente em 22 de novembro de 2022 e tem quase uma hora de duração. É também um conteúdo mais intelectualmente denso do que vemos a respeito de games e cultura pop em geral por aí, mas é também muitíssimo interessante.

Guilherme busca argumenta que, para além de um mero jogo de aventura, Zelda é uma obra rica em simbolismo, refletindo a jornada humana, o amadurecimento e a luta entre o bem e o mal. Ela carrega temas filosóficos, religiosos e mitológicos, criando um paralelo entre sua narrativa e a realidade que vivemos. Na próxima seção, tem um resumo que tentei fazer do conteúdo da live.

O amadurecimento e a perda da inocência

A jornada de Link, protagonista da série, começa na floresta, um ambiente infantil e protegido, onde tudo é idílico e seguro, cenário inicial que simboliza a infância e a inocência.

No entanto, o jogo logo mostra que esse mundo protegido tem seus perigos: crianças que se perdem na floresta tornam-se criaturas corrompidas e selvagens, detalhe que representa a fragilidade da infância e o perigo de se afastar da tradição e da ordem.

Ao longo do jogo, Link precisa deixar essa infância para trás e enfrentar a dura realidade do mundo, e vai percebendo que o mundo externo é hostil, cheio de corrupção, decadência e violência. Trata-se de um momento que reflete a transição para a vida adulta, onde o indivíduo se vê obrigado a enfrentar desafios que antes eram invisíveis.

A corrupção e a decadência do mundo

Segundo Guilherme, Zelda é altamente reacionário em sua visão de mundo, raciocínio que pode ser visto em vários pontos, como no fato da narrativa do jogo mostrar um reino em declínio, marcado por corrupção política, perda da espiritualidade e desordem social.

  • A cidade grande representa o caos da modernidade, onde as pessoas estão mais preocupadas com o comércio e a superficialidade do que com valores transcendentes.
  • O castelo, símbolo da monarquia e da ordem, está infiltrado por traidores.
  • A igreja no jogo é um lugar belo e imponente, mas vazio — um reflexo da crise da fé no mundo moderno.
  • O vilão Ganondorf representa o poder que corrompe, alguém que usa a traição para alcançar seus objetivos. Zelda, por outro lado, simboliza a graça e o legado da tradição, sendo a figura que orienta Link em sua missão.

O tempo como elemento central da jornada

Um dos conceitos mais profundos explorados por Freire é o tempo. Em Ocarina of Time, Link viaja entre sua infância e sua fase adulta, e essa transição mostra de forma simbólica a passagem do tempo e seus efeitos sobre o mundo.

Quando Link se torna adulto, o mundo está devastado: o que antes era belo e promissor, agora está em ruínas, o que acaba representando a realidade da decadência e da entropia, reforçando a ideia de que, sem ação e virtude, o mundo inevitavelmente se deteriora.

A simbologia cristã e a restauração da ordem

A resenha aponta que Zelda é uma obra profundamente influenciada pelo pensamento cristão e medieval.

  • A Triforce, um símbolo central do jogo, remete à Trindade.
  • O herói que puxa a espada remete ao mito do Rei Arthur e sua Excalibur.
  • A necessidade de recuperar a tradição perdida se encaixa perfeitamente na narrativa da Cristandade diante da modernidade secularizada.

De acordo com Guilherme, o próprio criador da franquia Zelda, mesmo não sendo cristão, se inspirou na Igreja Católica e na Idade Média para construir seu universo. Inclusive, ele afirma que, curiosamente, as versões antigas do primeiro game traziam símbolos cristãos explícitos, como crucifixos, que foram removidos em versões posteriores devido à pressão do mercado ocidental.

Uma metáfora da nossa realidade

Podemos concluir que Guilherme Freire mostra como Zelda não se trata apenas de games, mas uma metáfora da jornada humana. O que ele explica é que o mundo atual se parece muito com o cenário do jogo: decadente, desordenado e corrompido. A resposta para isso, segundo sua visão sobre a narrativa destes títulos, não está em rejeitar o passado, mas em redescobrir a tradição, restaurar a ordem e amadurecer para enfrentar o mal.

Baseando-se neste raciocínio, podemos então dizer que estes games nos ensinam que não há como fugir da luta, e que a vitória só vem quando o indivíduo assume sua responsabilidade e resgata o que foi perdido.

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Vídeo adicionado em: 4 de dezembro de 2022

Categoria(s): Análises, Vídeos

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Canal: Guilherme Freire

Acessado: 102 vezes.

Duração: 58:00

Adicionado por: LichKing

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