Muito legal, muito bom, mas Doom ainda continua sendo a maior conquista da ciência.
Noutro dia, o ChoppaCast me mandou uma notícia que falava que já estão rodando Doom, apelidado de Quandoom, em um simulador de ambiente quântico, um marco significativo no desenvolvimento de aplicações práticas para este tipo de computação.
Embora a tecnologia ainda esteja longe de rodar o game de fato em um computador quântico, o projeto trouxe à tona avanços e desafios atuais na computação quântica, envolvendo nomes da área como IBM e Google.
Quandoom foi desenvolvido por Luke Mortimer, pesquisador em computação quântica, e recria o primeiro nível de Doom em um simulador chamado qasm. O processo de tradução de instruções clássicas para instruções quânticas exige cerca de 72 mil cúbits e 80 milhões de operações — uma estrutura colossal, comparada aos maiores computadores quânticos disponíveis atualmente, como o sistema da IBM com seus 1.100 cúbits.
Apesar das limitações, a simulação de Doom fornece uma visão das potencialidades e limitações atuais da computação quântica, além de revelar o quanto ainda há para evoluir até que se chegue a um dispositivo capaz de rodar até mesmo um jogo básico.
A seguir, Anton Petrov, que tem um canal interessante sobre ciência e tecnologia, detalha o estado da tecnologia e as dificuldades enfrentadas para torná-la prática e aplicável. É também a principal fonte desta notícia:
O vídeo está em inglês, mas deve dar pra mandar traduzir a a transcrição automática do YouTube para o português e entender mais ou menos o exposto.
Petrov destaca como a computação quântica ainda se encontra em uma fase experimental, sem uma aplicação prática clara. Embora em 2019 o Google tenha anunciado a “supremacia quântica” — afirmando que seu computador superava qualquer dispositivo clássico em cálculos específicos —, novas descobertas mostraram que supercomputadores clássicos adaptados conseguem realizar as mesmas operações de maneira competitiva.
A IBM, por outro lado, continua aprimorando seus computadores quânticos, mas desafios como a decoerência e a suscetibilidade dos cúbits a interferências externas ainda impedem um funcionamento eficaz. Para operações complexas, manter cúbits estáveis e entrelaçados continua sendo um obstáculo considerável.
Apesar das limitações, a computação quântica encontra perspectivas interessantes. Pesquisadores da Universidade Leibniz, na Alemanha, exploraram a ideia de uma “Internet Quântica” capaz de garantir comunicações quase invioláveis usando fibras ópticas tradicionais e um método de tradução de frequências. Estes cientistas conseguiram transmitir dados entrelaçados com segurança, pois qualquer tentativa de interceptação quebra a decoerência e interrompe o sinal.
Outro possível uso da tecnologia está na criptografia: computadores quânticos poderiam quebrar sistemas de segurança como o RSA, muito usado em criptografias modernas. Estudos recentes apontam que a combinação de técnicas clássicas e quânticas pode permitir a quebra de chaves de 50 bits, embora a tecnologia ainda esteja longe de ameaçar criptografias mais avançadas. Anton diz que por enquanto, pode ficar tranquilo, pois suas bitcoins estão seguras.
Embora a computação quântica seja promissora e continue a avançar em teoria, ainda enfrenta desafios que a mantêm distante da aplicação prática. A tecnologia pode revolucionar setores como segurança da informação e comunicações, mas sua integração no cotidiano ainda depende de anos, ou até décadas, de desenvolvimento e superação de limitações fundamentais.
A simulação de Doom em um ambiente quântico se torna, assim, um símbolo tanto do potencial quanto dos entraves da computação quântica atual — uma tecnologia que intriga e promete redefinir o futuro, mas que ainda precisa vencer muitos desafios para se tornar uma realidade prática.
E é claro que quando dizemos dessa “tecnologia que intriga e promete redefinir o futuro” estamos falando de Doom.
Óbvio.
Falando sobre essa parada, lembrei desta notícia de 2021 nem tanto relacionada onde um neuroengenheiro prova que ratos de laboratório conseguem jogar Doom, através de um experimento onde eles abrem portas, acionam comutadores e até atiram nos inimigos. Abordei isso na edição #157 das Notícias do Facínora:
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