Impressionante recorde de speedrun do Doom estabelecido a 20 anos atrás é finalmente batido, depois de muito esforço, encorajamento mútuo e mais de 50.000 tentativas.
Impressionante recorde de speedrun do Doom estabelecido a 20 anos atrás é finalmente batido, depois de muito esforço, encorajamento mútuo e mais de 50.000 tentativas.
Em 1998, Thomas Pilger (Panter), conseguiu vencer a E1M1: Hangar na dificuldade Ultra-Violence em apenas 9 segundos, e, por duas décadas, esta marca permaneceu intacta. Isto mudou no dia 23 de fevereiro de 2019, quando o jogador 4shockblast estabeleceu um novo recorde ao completar esta primeira fase do clássico FPS em apenas 8 segundos!
Inclusive, este foi o assunto da 53ª edição das Notícias do Facínora, onde gravei os replays dos recordes antigo e novo, falei superficialmente sobre speedruns, usei cenas de uma jogatina do Quake Champions: Doom Edition pra ilustrar o vídeo e fiz uma tentativa de speedrun no mapa E1M1 que ficou bem zuada:
Para quem não conhece, Speedrun pode ser definido como uma espécie de modo de jogo não oficial onde se compete para ver quem termina as fases o mais rápido o possível. Isto vem dos primórdio do jogo, visto que os mapas padrão do Doom, Doom II e Final Doom foram criados tendo em mente partidas single player (a ideia do deathmatch veio depois). Assim, os jogadores de antigamente disputavam quem vencia os mapas em menos tempo, e o speedrun permite esta competição direta. Creio que esta ideia surgiu por causa daquele tempo “PAR” que aparece nas telas de intermissão entre as fases.
Enfim, existem vários tipos de submodalidades de speedrun que o pessoal mesmo veio inventando, como jogar com ou sem monstros, usando armas ou não, em diferentes níveis de dificuldade e até com TAS. Existem vários recordes gravados com replays de variadas categorias por aí.
Embora eu não seja adepto disto, acho muito bacana como a comunidade mesmo veio criando essa parada, separando o desempenho dos jogadores em critérios, ferramentas, fases etc. Você pode usar qualquer source port para gravar os replays (ou demos), mas a grande maioria usa a versão 1.9 do Doom/Doom 2 ou o PrBoom. Não dá também pra você gravar um recorde com o GZDoom pra bater o tempo de quem usou o DOOM.EXE
, pois existe claramente uma diferença na gameplay que pode enviesar o desempenho, então ficaria em outra categoria.
Outra coisa interessante são as técnicas usadas nos speedruns. Além do strafe running (que é explicado junto com outras estratégias do Doom aqui), tem muita coisa que pode ser feita para economizar frames nas partidas, como aproveitar enquanto uma porta abre pra tomar impulso ou aproveitar a aceleração extra que se ganha ao levar um tiro nas costas.
Por fim, tenho que ressaltar também o fato da colaboração e encorajamento mútuo que a comunidade empreendeu para que este recorde fosse batido. O Looper, speedrunner veterano, quase bateu a marca de Pilger no ano passado, e teria feito uma partida perfeita se não tivesse se embananando no final. Em análise posterior, constataram que ele podia ter feito 8,97 segundos, se não fosse a última sala, e batido o recorde de Pilger (o Doom sempre arredonda pra baixo). Mas, apesar disto, o Looper foi um dos que ajudou o 4shockedbast na empreitada, ou seja, não rolou invejinha, olho gordo e estas coisas mesquinhas. Bem legal isso.
A seguir, você pode ver a gravação da demo onde o 4shockblast bateu o recorde de 20 anos do Thomas Pilger:
Já vídeo abaixo faz uma análise mais minuciosa sobre o assunto. Parece até documentário e o cara, Karl Jobst, fala muito bem (acho que ele era bem ativo na cena speedrun). Só que está em inglês:
No final do Notícias do Facínora 53, falei também sobre o DLive, um novo serviço de streaming que promete dar poder ao criador de conteúdo (não vai pegar porcentagem das doações) e usaria blockchain para uma espécie de moeda virtual deles. Além destas inovações, o PewDiePie, o maior youtuber do mundo, vai streamar lá, o que significa que vai levar muito público pra lá.
Criei um canal pra nós lá, o endereço é www.dlive.tv/Facinora.
Atualização (19/10/19): Não obstante o DLive ainda seja uma concorrência à hegemonia do Twitch e outras firmas da Big Tech que usam critérios arbitrários no controle do conteúdo, o que é algo bom, parece que não é uma plataforma tão descentralizada e livre assim, pelo menos de acordo com o vídeo abaixo:
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